Seja bem vindo, aqui você se encontrará mais proximo da presença de Deus e Nossa Senhora, aprenderá sobre a Fé que professamos na igreja e terá uma melhor formação biblica!

 
 
 

 
 Você tem fé?
 
 
Em nosso texto base Jesus falava sobre os escândalos e os discípulos lhe pediram que aumentasse a fé deles. Eles reconheceram que tinham uma fé pequena e que podiam tropeçar. A fé é que nos mantém firmes na presença de Deus.
A fé tem tamanho?
Jesus disse que sim. Ele tinha a arte de diagnosticar a raiz do problema, de ir à sua verdadeira origem. E aqui ele vai à origem (semente / fé). Nós viemos de uma semente.
Então o que seria uma fé grande?
Jesus disse que uma fé grande é como um grão de mostarda.
Porque será que Jesus comparou a fé a um grão de mostarda?
O que determina o tamanho da fé é o que ela é capaz de fazer.
A semente produz a árvore. e a fé remove a árvore do lugar. 
O que há de especial na fé e no grão de mostarda?
 
   VidaJoão 12.24
    Quando olhamos para uma semente não vemos vida nenhuma, mas sabemos que há vida naquele grão.Sua fé é como uma semente que mesmo quando é jogado a no chão e você sente que morreu, aí então você poder crescer e frutificar.
    Ao ser jogado e enterrado no chão ele deixa de existir e surge uma nova vida: árvore. 
A fé mesmo na morte produz vida.
   PoderMarcos 9.23
    A semente tem o poder de romper a terra, tem força para vencer os obstáculos do solo. Da mesma forma a fé faz o impossível acontecer.
    Cicatrizes: A história da mãe que salvou o filho de um jacar             Humilde: Marcos 9.24
    A semente é algo humilde e singelo mas muito frutífera. Ela se humilha sob o chão e é exaltada sobre a terra. Quando reconhecemos nos falta de fé estamos já agindo com fé. Só Deus pode fortalecer nossa fé. Quando oramos precisamos ser honestos com Deus e admitir nossa falta de fé pedindo-o para nos ajudar a crer porque Ele é o motivo da nossa fé.
A fé em si é algo pequeno, mas crescente. O argumento do homem é grande mas diminui e se cala ante à fé. A fé não carece de explicação, ela é a prova em si.
   Cresce:  Mateus 13.31 e 32     
    Jesus poderia ter comparado a fé com uma semente grande como a de abacate mas não o fez porque a semente não precisa ser grande para ser uma árvore grande (Marcos 4.26-32). Da mesma forma a fé é algo que deve crescer em nós a cada dia. Nossa experiência alimenta nossa fé.
    A semente cresce para baixo (raízes) e para cima (galhos e folhas).
    Crescer é um processo doloroso e demorado. Precisa ser regado e adubado para haver o crescimento desejado.
Você tem sentido que sua fé está crescendo?
 
   A pergunta do início da mensagem continua:
  Como vai a sua fé? Você tem fé?
  Jesus olha com os olhos da fé. Quando via uma semente ele já enxergava a árvore.
  Se desejarmos colher precisaremos de sementes e se queremos vitória precisamos de fé.
    Veja o que disse o cientista:
  “Se chegarmos a descobir uma teoria completa, com o tempo esta deveria ser compreensível para todos e não só para um pequeno grupo de cientistas. Então, todo o mundo poderia discutir sobre a existência do ser humano e do Universo. No caso de encontrarmos a resposta a esta questão, alcançaríamos o triunfo final da razão humana, porque nesse momento coneceríamos a mente de Deus. Teríamos tornado realidade todos os nossos sonhos”.  Stephem Hawking
         A fé é o início e o fim de todas as coisas. Depois de especular e esquadrinhar todos os caminhos, por fim onde se chega é à fé. O que a ciência procura de tantas formas o indouto encontra sem explicações pela fé.
         Desafio de fé. Declare o que você crê, faça propósitos de buscar a Deus mais e crescer na fé.      Se disponha a viver pela fé, “pois tudo o que não provém da fé é pecado”  Romanos 14.22.
 

 
Lançamos em poucos dias a nossa nova comunicação do site, você paroquiano de qualquer lugar do Brasil, pode agora publicar suas noticias no nosso site. Avisos paroquiais, eventos, convites, testemunhos, reflexões....
Tudo isso será divulgado no nosso site, participe conosco dessa nova jornada!!!
 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 
 

 
 
 
 
 

 Vocação: a riqueza de ser

 
 

Isso mesmo, e tão simples assim: quando falamos de vocação sempre vem a nossa cabeça o assumir a Vida Religiosa Consagrada, ou o Estado Clerical. Noutras palavras: ser padre ou freira ou religioso irmão.

Bacana pensar assim. Porém, vocação não se resume ao estado religioso. Vocação, penso, é assumir a vida, e tudo que nós fazemos, com a energia do coração, e, assim, trazer luz, vida, suavidade e boas realizações a todas as pessoas.

Viver a vocação não é se revestir de um estado místico celeste angélico, apenas. Vocação é assumir a vida com coragem, audácia, autenticidade, honestidade, e espiritualidade. É, conforme nos ensina o professor Stephen R. Covey: “compor uma missão pessoal alicerçada em valores, na proatividade, nos princípios da liderança pessoal arraigada na sabedoria, dignidade, excelência, responsabilidade e dedicação”.

Em tudo o que fizer o vocacionado, haja vida responsável que signifique o próprio existir humano. É do grande pensador da logoterapia, Victor Frankl, o seguinte pensamento: “No fundo, o homem não deve perguntar qual é o sentido de sua vida, mas na verdade perceber que ela é quem pergunta. Em outras palavras, cada homem é questionado pela vida; e ele só pode responder à vida respondendo por sua própria vida; à vida, ele só pode responder sendo responsável.”

A pessoa só pode dizer-se realizada vocacionalmente se se o que é, e faz, signifique o seu existir, norteie a sua caminhada, faz dela uma pessoa contente, e segura nas relações interpessoais. Por isso, há uma sutil diferença entre vida profissional e vocação realizada.

A vocação, que é vida, inspira, sobretudo, mística, espiritualidade, alegria, largueza de coração, benevolência, paz de espírito, e doação pessoal sem esperar nada em troca ou favorecimentos. É bom lembrar que dentro da profissionalização a pessoa pode encontrar-se em sua vocação.

O Evangelho nos conta de muitas vocações realizadas: Maria e José, na dimensão do matrimônio; Lucas, na dimensão discipular, e na dimensão de escritor; o cego Bartimeu, que se tornou amigo de Jesus. E Jesus! Mestre, educador, irmão que levou a todos uma mensagem de restauração da vida e da dignidade humana por meio do amor e da generosidade.

A exemplo de Jesus, nosso Mestre, precisamos fazer o diferencial no mundo levando a paz, a vida, a dignidade e o bem a todas as criaturas. Nossa vocação é dom, portanto, vida! Vida para cuidar do Reino de Deus, hoje e sempre.

 

Frei Ronildo Arruda, ofm: é animador vocacional da Ordem dos Frades Menores, na Província do Santíssimo Nome de Jesus do Brasil





 

O que fazer com a angústia?

 

 

Vamos aprender como agir diante da angústia? 

“Tendo Jesus navegado outra vez para a margem oposta, de novo afluiu a Ele uma grande multidão. Ele se achava à beira do caminho, quando um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo, se apresentou à sua vista e lançou-se-lhe aos pés, rogando-lhe com insistência: ‘Minha filhinha está nas últimas. Vem. Impõe-lhe as mãos para que se salve e viva’. Jesus foi com ele, e grande multidão O seguia, comprimindo-O” (Mc 5,24). 

Jairo estava com o coração na mão. A vida de sua filha se esvaía e ele, preocupado, angustiado, sem solução humana, percebeu que Jesus poderia ajudá-lo.

Que angústia você traz no coração? Que peso carrega em sua alma? Que preocupação, fardo o acompanha? É algo seu, pessoal? É seu casamento, namoro? Ou o trabalho? É uma pessoa querida? Seu filho, sua filha? Seu marido, sua esposa? Seus pais? Qual é o problema? É um vício? Você está em situação de conflito?

Cada um de nós é Jairo, que recorreu Jesus no sofrimento. Diga: ““Hoje, dirijo-me a Ti, Senhor, com o coração na mão, com a mesma confiança e a mesma fé de Jairo. Eu ponho meus problemas e meu coração em tuas mãos; e o faço, porque sei que tens a solução que eu não tenho, a solução que eu busco e não encontro. Eis-me aqui, Senhor, eu sou aquele Jairo”.”

Seu irmão,

Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova


O Senhor nos ajuda a amar e a perdoar

Sozinhos nós não conseguimos amar, perdoar nem vencer as mágoas, somente conseguimos essa graça pela força da oração com a ajuda do Senhor.

“Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem!” (Mateus 5, 44).

 

De acordo com a cultura e o pensamento religioso do povo judeu, basta que amemos o nosso próximo;  ao passo que aquele a quem temos como inimigo, porque de alguma forma nos prejudicou e nos fez mal, nós podemos odiá-lo. Contudo, Jesus nos diz que não deve ser assim, nós precisamos amar até os nossos inimigos.

Meu amor não pode ser um amor mínimo, mas sim, como é o amor do coração do Pai, um amor pleno, um amor sublime, um amor que não exclui ninguém. Um amor no qual sou capaz de dar a outra face a quem me feriu, a quem me machucou e a quem me fez mal.

É o amor que vence os ressentimentos e as mágoas. Se eu não consigo vencer a minha mágoa e meu ressentimento pelas minhas forças humanas, eu preciso vencê-los pela força da oração. E por isso o Senhor nos diz que devemos rezar por aqueles que nos perseguem. Uma oração sincera e verdadeira: “Senhor, eu não consigo. Senhor, eu tenho raiva dessa pessoa. Senhor, eu não consigo amá-la; por favor, me ajude!

O mínimo que eu posso desejar a alguém é que Deus o abençoe, o guarde, o ilumine e conduza o seu coração. Essa é a oração que vem do fundo da minha alma, a oração que vem do meu coração, para que o Senhor realmente me ajude a amar a quem eu não consigo amar.

Isso não significa que é necessário você gostar de todo o mundo ou ter todos como amigos. Não, isso se trata de outra afeição, de outra intimidade, de outra forma de relacionamento. Contudo, para termos paz em nosso coração, para o nosso coração ser pleno e vigoroso, como é o coração de Deus, não podemos negar nem sonegar amor a ninguém.

Está certo que existem pessoas que são difíceis e deixam muitas marcas em nós, mas a maior força da minha vida é a força do Evangelho, é ele que me dá a graça, é ele que me ajuda a superar, é ele que me ajuda a combater o mal e dizer: “Jesus, conduza meus passos, conduza os meus sentimentos”.

Deus abençoe você!


Até que ponto é comum a rebeldia na adolescência?

A quebra dos limites, o desrespeito no trânsito, as brigas nos estádios, o abandono familiar, os desvios das funções da escola e do Estado foram situações que promoveram um ambiente completamente rebelde. O dicionário on-line de português traduz esse conceito como “ato de rebelar-se; não conformidade; reação. Figura de oposição, resistência”. A Bíblia alerta sobre a rebeldia quando diz: “Ai dos filhos rebeldes ,diz o Senhor, que executam planos que não procedem de mim e fazem aliança sem a minha aprovação para acrescentarem pecado sobre pecado!” (Isaías 30,1). Então, precisaremos dispensar atenção, cuidado, critérios para educar os nossos pequeninos que se tornarão não só adolescentes, mas pais de família e profissionais. Considerando que a nossa vontade de pais cristãos é formá-los dentro dos princípios bíblicos e todas as coisas lhes serão acrescentadas.
O adolescente por si só teria alguns argumentos que os deixam de fato mais imponentes e donos de si, mas não necessariamente precisariam entrar na frequência da rebeldia ou tornar-se rebelde. O ambiente é um fator, muitas vezes, determinante para tal comportamento. Os pais tendem a dar muita assistência, afeto positivo, carinho, escuta enquanto os filhos ainda se encontram na primeira e segunda infância. Com o passar do tempo, vive-se uma ilusão que esses filhos estão crescendo e se tornando autônomos. Quem não foi ensinado para se tornar autônomo pode ser com tanta facilidade e rapidez. E aí está a brecha para rebeldia.
Os pais, a escola e a sociedade iniciam um processo de cobrança muito grande, a ponto de levar o adolescente a não suportar tantas desqualificações. Ora, ele nunca arrumou a cama nem levou sua toalha para o varal. Só porque fez 12 anos ou entrou no curso Fundamental II precisará fazer. Ele nunca cedeu sua cadeira para os mais velhos, muito menos os ajudou, quando pequeno, a tirar a feira de supermercado do carro; nunca foi treinado, estimulado positivamente a realizar tais procedimentos. Como ele, o adolescente, não ficará rebelde? Claro. É preciso entender que a adolescência faz parte de um processo de desenvolvimento humano; ela não cai do céu. “Agora tornou-se adolescente.” Abriu-se a porta da sala e o “aborrecente” entrou em casa. Esse adolescente esteve sempre em nossa casa, foi o filhinho de que trocamos as fraldas, que levamos para passear, tomar sorvete, visitar os parentes aos domingos e brincar de bicicleta na pracinha. O que se perdeu com o passar do tempo? Onde nós nos perdemos? Continuamos beijando-o quando voltamos do trabalho ou apenas lhe fazemos perguntas básicas como “estudou?, fez o dever?, tomou banho?, comeu o quê?…”
Defendo o princípio que a fase da adolescência não precisaria ser marcada pela rebeldia, mas respeitada por suas mudanças orgânicas e psicossociais, assim como todo ritual de passagem que precisa ser atualizados na forma de pensar e agir da família, escola e sociedade. As pessoas que compõem o ambiente familiar do indivíduo precisam estar bem informadas sobre cada fase que nos constituem como seres humanos. Vejamos: que tal nos lembrarmos da nossa adolescência? O que nossos pais diriam?
Nós precisamos enxergar essa fase como fruto da nossa educação. Os adolescentes não devem ser uma ameaça para a família. Eles são ricas bênçãos para quem tão bem os educou. Os pais deverão livrá-los da rebeldia, desta aparente liberdade que só os faz sofrer. Portanto, vamos fazer o caminho de volta? Vamos atrás de quem é nosso. Vamos deixar as regras claras em casa, dar bons exemplos, oportunizar bons modelos aos nossos filhos, aos nossos alunos, a fim de que eles possam chegar à fase dos 12 aos 18 anos produzindo autoestima, seguros de si mesmos. Filhos pequenos superprotegidos ou abandonados de orientações e de convivência familiar se tornarão filhos (adolescentes) rebeldes, amargos e grosseiros. Esse tipo de criação não ensina o caminho da gratidão e do respeito. Às vezes, não damos o melhor e queremos “tirar o tapete” dos filhos quando chegam nesta fase da vida.
Existem várias passagens bíblicas que apresentam as consequências de pessoas que foram rebeldes. Um grande exemplo foi o que aconteceu com o povo de Israel: Deus havia libertado os israelitas da terra do Egito, onde estes eram escravos. Mesmo com tantos milagres, eles se rebelaram contra o Senhor, fizeram um bezerro de ouro para adorar, e, como castigo, peregrinaram quarenta anos pelo deserto e somente alguns conquistaram a terra prometida.
O comportamento de rebeldia não agrada Deus, não nos faz pessoas felizes. Nascemos para ser aceitos, aprovados. O bom convívio social é cura para nossa alma, alegria para o nosso viver. Qualquer tipo de rebeldia está diretamente ligada ao pecado, pois envolve a desobediência deliberada e infringe os padrões de autoridade que foram estabelecidos por Deus. Não importa se é rebeldia contra os pais, contra os líderes da Igreja, contra a lei; seja qual for, está totalmente contra aos princípios bíblicos. Não estou aqui autorizando a subserviência, a alienação ou a cegueira espiritual. O filho precisa ter seu espaço, sua voz escutada e compreendida. Logo, muito bem orientada e disciplinada. Assim, os pais precisam se impor como pais de alguém a quem lhe foi atribuída a função de educar na graça e na sabedoria. Não desistir do ‘sim’ quando deverá ser ‘sim’, e do ‘não’ quando deverá ser ‘não’. Filhos precisam respeitar, admirar e amar os pais como autoridades. Os pais precisam ser respeitados, admirados e amados por seus filhos como autoridades. Portanto, os pais deverão trazer consigo o desejo e a determinação de ter filhos adolescentes amigos, disciplinados, estudiosos e em paz com si mesmos e com os outros.
Vamos lá, família! Não vamos nos render aos modelos tão seculares ou efêmeros.
Esses modelos querem nos seduzir. Não vamos desistir nem terceirizar a nossa função, mesmo quando nos sentirmos perdidos, sem saída para enfrentar todas as fases que nossos filhos estejam vivendo.
Judinara Braz

O significado da quaresma
                                                   Por: Padre Wagner Augusto Portugal
 
 

 

 Desde o final do século IV, a Igreja valoriza a preparação da Páscoa através de um período de 40 dias. A Bíblia usa com freqüência períodos de 40 dias (ou 40 anos) para indicar ocasiões especiais em que são vividas experiências importantes: são os quarenta anos de caminho do povo no deserto, os 40 dias de Jesus no deserto, 40 dias de Moisés no Monte Sinai, os 40 dias das andanças de Elias até a montanha de Deus... 

Esses períodos vêm antes de fatos importantes e se relacionam com a necessidade de ir criando um clima adequado e dirigindo o coração para algo que vai acontecer. 

São tempos densos de intimidade com Deus, de fortalecimento, hora de cada um se abrir para atender a um chamado carregado de riscos, responsabilidades e de grandes realizações.

Assim, hoje para nós, a Quaresma é tempo de ouvir com melhor disposição o apelo que Deus nos faz para sermos mais generosos, mais santos, mais fiéis ao compromisso de nosso Batismo. Assim como, para corrigir uma escrita, apagamos primeiro os erros, para corrigir nossos rumos de vida, confiamos no perdão de Deus, que apaga as nossas faltas. Por isso, Quaresma é também tempo de revisão de vida, de penitência, de reconhecer, com humildade e confiança, onde estão nossas deficiências e buscar o perdão e a força de Deus. Podemos fazer isso na tranqüila esperança que vem da fé no amor de Deus, que sempre chama, ajuda, perdoa e faz crescer.

A idéia central que vai ser o fio condutor nas reflexões desenvolvidas na Quaresma é a gratuidade do amor de Deus, capaz de tudo para nos salvar, sempre disposto a perdoar. Esse amor se manifesta em Jesus até as últimas conseqüências, numa doação que não conhece limites. A permanente misericórdia que vai aos extremos para nos salvar não está condicionada aos nossos méritos, mas é derivada da própria natureza de Deus, que não pode deixar de ser amor.

Esperamos que esse amor gratuito seja estímulo para nunca desanimarmos diante de nossos pecados e limitações. Sabendo que dependemos sempre da compaixão de Deus e que ela nunca nos falta, deveríamos nos dispor a usar também de compaixão para com nossos irmãos e a lutar com esperança por tudo que traz mais vida para todos.


Família é lugar de acolher essa bênção e de multiplicá-la

 

Esta é uma das mais fundamentais verdades da fé cristã: a família é o privilegiado lugar escolhido por Deus, para aí derramar a sua bênção.

 

Muito acima do sentido humano de proteção e convivência, ou seja, o papel sociológico, a família é um lugar teológico. É o lugar onde Deus se revela; é lugar onde se revela Deus. Nela, o ser humano aprende a crescer segundo o projeto de Deus. É lugar de humanização divina.

O ser humano aprende a ser humano dentro da família. Jesus crescia em estatura, em sabedoria e em graça diante de Deus e dos homens (cf. Lucas 2:25). Interessante esta anotação, pois para esse crescimento integral o próprio Jesus precisou de uma família humana. A bênção divina sobre a família não é somente uma questão espiritual, envolve também o físico e o psíquico. Ninguém é humanamente equilibrado sem alimentar essa tríplice dimensão da existência humana.

O ser humano aprende a ser humano dentro da família. Graça significa o alimento do espírito. O ser humano é físico, psíquico e espiritual. Contudo, lamentavelmente, muitas famílias se preocupam bastante apenas com a dimensão física – uma ótima casa, conforto, estudo, roupas –, mas se esquecem das outras duas dimensões. Infelizmente, a família não está sendo o lugar dessa bênção de Deus para a afetividade das pessoas.

Família deve ser o lugar onde a gente aprende a amar. Se a família é a mais perfeita semelhança de Deus, – que é amor e cria ser humano por amor e para o amor, e o cria família – ela tem de ser o lugar onde aprendemos a exercer o amor.

Para ser lugar da bênção de Deus, muitas vezes, não se precisa de muita coisa. Pequenos detalhes fazem um grande amor. Um grande amor não é feito de grandes coisas, não. Grandes coisas qualquer pessoa faz, tanto para o bem, quanto para o mal, se ela estiver no desespero. Agora, fazer a cada dia pequenas coisas de modo extraordinariamente maravilhoso, só quem tem o Espírito Santo de Deus; do contrário, não consegue. E aí está a santidade. Esse é o segredo.

Ser uma família cristã no meio do mundo é muito mais do que se dizer católico ou freqüentar determinadas práticas religiosas. Ser cristão é adequar nossa vida ao projeto de Deus, ensinado e vivido por Jesus Cristo. Ser cristão é imitar Jesus, especialmente em sua constante luta por permitir que Deus reinasse neste mundo. Uma família cristã é o espaço privilegiado para se gestar e praticar esse projeto. O casal cristão procura, a dois, realizar esse projeto de vida, e depois com todos os seus familiares e nos seus relacionamentos. É uma união de carismas e de dons para se alcançar uma meta comum.

Sendo uma realidade dinâmica, o matrimônio está aberto à construção e também às feridas que machucam e atrapalham o crescimento da vida familiar. Algumas situações acabam sendo grandes possibilidades de ruptura, mas também podem se transformar em momentos de graça e de vida plena.

É preciso aprender a construir a restauração da família.

Texto extraído do livro “Famílias restauradas” de padre Léo.


Meditemos o caminho da cruz

 

Tende piedade ó meu Deus, misericórdia! Na imensidão de vosso amor, purificai-me! Lavai-me todo inteiro do pecado, e apagai completamente a minha culpa!” (Sl 50,3-4).

Hoje somos convidados a meditar a Via-Sacra e, ao caminharmos com Jesus no caminho da cruz, O vemos carregando os nossos pecados para a nossa salvação. A cada estação da Via Dolorosa recordamos o caminho que o Senhor percorreu, no qual foi humilhado e passou pela dor extrema por amor a cada um nós, para a remissão dos nossos muitos pecados.

No silêncio do nosso coração, façamos a nossa oração e também uma revisão da nossa vida a fim de refletirmos sobre o ponto em que estamos e aonde queremos chegar.

Rezemos: Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos, porque pela vossa santa cruz remistes o mundo.

Jesus, eu confio em Vós!


Sete razões para perdoar

 

Frei Hipólito Martendal

 

 

Parte I

1. Introdução – O que é odiar? O que é perdoar?

Interessante que antes de fixar a mente na idéia de perdoar, surge a palavra odiar. Considero um dos temas mais comuns e, ao mesmo tempo, mais fundamentais para qualquer projeto de vida cristã, bem como para qualquer sonho de humanização do ser humano em geral e de suas relações com o outro. O individuo pode ser cristão, seguir outra religião, ser ateu, ou simplesmente declarar-se agnóstico se ele considera impossível chegar-se a verdades que estejam além das ciências.

Infelizmente, uma religião, por mais sublime que sejam seus fundamentos e os ideais por ela propostos, por si mesma não parece contribuir muito para superar ódios e promover boa convivência. Muitas das piores guerras e genocídios que sempre têm atormentado a humanidade foram conflitos religiosos, tinham motivações religiosas entre outras a atiçá-los e torná-los mais cruéis e destrutivos. Parece que para alguém conseguir tornar-se um ser verdadeiramente pacífico necessita avaliar um conjunto de valores e convicções pessoais meditados e treinados exaustivamente por longos anos. Na formação deste patrimônio pessoal de convicções e valores a religião bem vivida tem um papel extraordinário.

2. Definições e conceituação – O que é ódio?

Importante é não confundi-lo com outras emoções como a ira, o ressentimento e, menos ainda, a mágoa.

Ira é a pura emoção, caracterizada por forte descarga de hormônios que mobilizam o corpo para a luta, em geral visando eliminar a fonte da real ou da suposta agressão. O povo fala em sangue quente. Em principio, nenhum ser vivo gosta de ser contrariado, frustrado em suas expectativas, perder ou ser agredido. Quanto tempo passa entre o registro da suposta violência sofrida e o tal do ferver do sangue? Claro que isso depende da gravidade da agressão e do grau de resistência, ou tolerância que o individuo já desenvolveu às frustrações em geral. Mas a imagem que me vem à mente é da fileira de bolas de bilhar, todas encostadas, umas às outras. Quando uma bola é jogada contra a extremidade da fileira, quanto tempo leva para a última bola da extremidade oposta reagir ao impacto? A reação é instantânea. O povo fala em pavio curto.

A mágoa é uma emoção secundária, no sentido que depende de elementos que ocorrem depois da agressão. A pessoa faz avaliações e considerações sobre a situação e pode imaginar-se injustiçada, traída, preterida, abandonada, desprezada… Um misto de tristeza, raiva e revolta instala-se firmemente em seu coração. Ira e mágoa são emoções e como tais fazem parte da natureza humana, tal como a criou Deus.

Já o ódio é um estado de alma e mente muito mais complexo e cambiante em seus elementos constitutivos. O ódio tem um objetivo e supõe planejamento. Visa à aniquilação do inimigo real ou imaginário, ou, pelo menos, a aplicação de algum castigo, causar-lhe sofrimento ou humilhação. A ação do portador do ódio pode ocorrer em verdadeiras explosões de ira mortífera, como também pode ser executada com cálculo, requinte e frieza inacreditáveis. Não é à toa que o provérbio cínico diz que “a vingança é um prato que se come frio”. Sem emoções, a crueldade e a perversidade são maiores e mais eficientes, o cálculo é mais exato e a margem de erro resulta muito menor.

Normalmente a ira, o ressentimento e a mágoa estão num terreno moral ainda indiferenciado. Podem levar a ações e atitudes moralmente condenáveis, mas podem também levar a manifestações de virtude, como aconteceu com aquela piedosa anciã que confessou ter sentido imensa raiva de fulano. Perguntei-lhe o que havia feito com tanta ira. Confidenciou que havia rezado por ele.

Por sua vez, o ódio é algo duradouro que gera um estado de alma que encarna elementos essenciais do pecado, tais como a perversidade, o julgamento e condenação. O ódio coloca-nos em algum ponto antípoda de Deus, em termos de sua natureza. Ele nos põe em sintonia com satanás.

Mas, vamos ao perdão, o elemento mais importante deste artigo. O perdão situa-nos naquele terreno familiar de Deus, pois é da natureza divina perdoar sempre. Perdoar envolve uma gama muito grande de emoções e elaborações da mente que podem requerer tempo mais ou menos longo em decorrência da capacidade tão variada de cada um perceber a realidade da situação, analisá-la e compreendê-la. Não podemos esquecer também que essas coisas não dependem só da inteligência e sabedoria. Elas têm muito a ver com nosso temperamento, educação emocional e emoções predominantes.

O perdão pode concretizar-se em etapas. O primeiro passo essencial para o perdão é a eliminação do desejo de vingança. Descartada a vingança, a bomba de ódio está desativada. A segunda etapa é mais árdua: assumir a firme determinação de ajudar a quem se está perdoando em suas necessidades, no que puder, como faria com qualquer outra pessoa. Quando o evangelho fala da ordem de amar o inimigo, é exatamente disso que está falando. O cristão não tem outra opção! É comum pessoas dizerem que perdoam, não desejam o mal ao desafeto, mas fazem questão de esquecê-lo, como se ele simplesmente não existisse. Isso representa meio caminho andado para o perdão. A bomba do ódio está desativada, mas o dínamo energético do amor não foi ainda religado.

A terceira etapa exige fazer sua parte no que for necessário para restabelecer laços de relacionamento anterior. Isso refere-se usualmente aos casos de ruptura em famílias, fraternidades religiosas, comunidades de igreja e até equipes de trabalho. Em geral nestes agrupamentos de pessoas não basta conseguir apenas o amor-serviço essencial do Evangelho que devo até ao meu inimigo. Sim, mesmo que eu não odeie, alguém pode odiar-me e tenho um inimigo. Aí é necessário que prospere o amor fraterno, o que supõe troca de gentileza, cortesia e manifestações de real afeto, principalmente em família.

Ainda aqui cabe uma nota. São freqüentes os casos de pessoas que dizem perdoar, mas não esquecem. Quem assim fala pode pertencer a um de dois grupos: aos que cultivam ressentimentos e assim procuram justificação por não reconstruir laços anteriores e ainda estão em falta em termos de suas responsabilidades no cultivo do amor cristão; ou fazem parte do grupo dos que pelo simples fato de recordar os acontecimentos sentem-se culpados. Querem esquecer, mas não conseguem. Em geral essas pessoas ainda sentem nas reminiscências algum desconforto como mágoa e tristeza. A rigor, o simples lembrar não constitui erro, não envolve culpa. Até porque ao me colocar o fardo da obrigação de esquecer algum acontecimento perturbador, torno o esquecimento menos provável. Isso acontece porque obrigações geram perigo de falhar e perigos não podem ser esquecidos. O ideal é você poder lembra qualquer acontecimento sem vivenciar coisas desagradáveis. Voltarei ao assunto.

Parte II – SETE RAZÕES PARA PERDOAR

1. Deus proíbe o ódio. Por quê?

Simplesmente porque Deus é Amor, é Vida, é PAZ. E o ódio é o contrário de tudo isso. No ódio encarna-se a morte. O objetivo da encarnação que Deus nos propõe concretiza-se exatamente no ser humano que ama. Deus nos revela que Ele ama sempre o pecador, mesmo que este se volte contra Ele (= inimigo). Aqui vai bem a leitura do capítulo 15 de Lucas. Mas para haver salvação é necessário que o pecador volte a amar seu Deus. Sem a passagem do ódio a Deus para o amor a Ele (= conversão) não pode haver salvação. Não estou falando ou pensando em sentimentos. Mas em atitudes e posturas. Amar Deus é colocar-me a seu favor, é cooperar com a intensidade que levou Jesus a dizer: “Meu alimento e fazer a vontade de meu Pai”.

Surpreendentemente, Deus submete seu infinito poder de conseguir tudo o que quiser ao capricho do ser humano de livremente querer amá-lo ou não. Por natureza, toda relação de amor é necessariamente livre e, no mínimo, bilateral. Por sua vez, o rompimento com Deus é sempre unilateral. Só pode vir da parte do homem.

Assim, também, o reatamento só pode ocorrer com a iniciativa do ser humano. Não podemos esquecer que ao conhecermos a natureza do amor que Deus sempre mantem por nós, amor inalterado, incondicional, não dependente de qualquer circunstância, amor devotado de forma escandalosa (no entender de muitos) ao pecador, descobrimos a impossibilidade de Deus castigar. Entendemos que ele sempre oferece condições e oportunidades para o homem que odeia pare de odiar e dê o passo decisivo para o reatamento. Na parábola do filho pródigo, o Pai insiste que o filho mais velho entre para a festa (= vida eterna), mas essa entrada só pode concretizar-se pelas próprias pernas do filho! O ódio nasce como um desejo de eliminar o inimigo. A vida parece bem melhor sem inimigos a atrapalhar. Mas o ódio acaba voltando-se contra aquele que odeia, forçando-o ao suicídio. Deus não necessita condenar ninguém ao inferno, à morte. O inferno e a morte são opção, escolha do ser humano que odeia.

2. Ódio é oposto do ser cristão

A rigor, nenhum motivo a mais precisamos procurar para não odiar. Mas encarar os desdobramentos desta desgraça suprema que pode assaltar nosso coração pode-nos ser benéfico. Os sinais de perigo tornam-se mais claros e presentes. O perfil básico de qualquer seguidor de Jesus pode ser identificado em sua capacidade de viver constantemente o amor fraterno com todas as pessoas com as quais convive. O amor fraterno caracteriza-se por um contínuo cuidado e desvelo pelo outro; na disposição de ajudar, socorrer, amparar, consolar, confortar e mesmo no prestar pequenos serviços não necessários, por pura cortesia. Desavenças, rupturas, desejos ruins, nem pensar.

Por outro lado, uma coisa que nos pode fortalecer na determinação de viver envolvidos sempre no amor fraterno é descobrir quanto bem nos faz tal vida. Passar semanas, meses, até mesmo anos sem detectar um aborrecimento sequer entre as pessoas que formam grupos de base da vida cristã, seja uma família, uma fraternidade religiosa ou uma equipe de trabalho, é um bem inestimável. Tenho a graça de ter passado por tal vivência por bons e não curtos períodos. É muito gratificante, é muito saudável para a alma e para o corpo. Que gostosa satisfação e sadio orgulho vi nos olhos de um casal amigo ao revelar que por mais de 30 anos os dois são cumpridores do propósito de nunca dormir sem antes resolver algum aborrecimento ou desencontro ocorrido durante o dia. Nego-me a aceitar a falsidade expressa por pessoas que, para consolar-se, espalham a idéia de que brigas são inevitáveis e que necessariamente vão ocorrer sempre. Isso não é verdade!

3. Nosso Deus, nosso Mestre, Modelo e Senhor, perdoa

“Sete vezes setenta” (= sempre). Mesmo que Deus não desse mandamento algum sobre o amor, mesmo que Jesus não nos tivesse brindado com seu “novo mandamento” (isso não é um peso, é um presente de Páscoa), a simples revelação dessa característica do Pai seria suficiente. Isso porque a relação entre duas pessoas para ser perfeita é necessário que haja sintonia, harmonia de valores básicos e de vontades. Se Deus perdoa sempre e eu quero viver no seu amor, é metafisicamente impossível que eu não aprenda a também perdoar sempre. Neste terreno, nada é negociável, explicável ou aceitável que possa tornar a exigência menos radical.

4. Ódio leva à vingança

A vingança gera verdadeiras cadeias sem fim, ou se quiserem, círculos viciosos de violência e morte em que cada elo é causado pelo anterior. Esse processo diabólico pode durar muitas gerações, até que algum elemento muito forte intervém para interromper o ciclo. Ainda assim a interrupção pode ser temporária. Não é fácil convencer uma população inteira das vantagens da paz com o inimigo. Sementes de ódio podem ficar latentes e rebrotar por qualquer incidente, muitas vezes por meros mal entendidos, Os humanos tem infindáveis recursos para alimentar e ressuscitar ressentimentos e ódios. E o quadro fica ainda mais diabólico quando motivos religiosos são invocados para justificar violências, acertos na justiça e mortes. Não podemos esquecer que para muita gente sentenças judiciais nada mais são que vinganças legalizadas.

Casos de violência gerada por evocação de razões religiosas constituem verdadeiros pecados contra o Espírito Santo. Eles envolvem trocas de sinais revelados por Deus de sua natureza por sinais diabólicos. Quando Jesus foi acusado de fazer o bem (livrar pessoas do poder do diabo) pelo recurso ao poder do mal, Ele qualificou essa acusação de pecado contra o Espírito de Deus. É exatamente o que ocorre sempre que alguém procura em Deus razões para fazer o mal. Satanás espertamente ajuda a quem odeia a acreditar que é bom o mal que ele pratica. A maioria das vezes, a vingança recebe etiqueta de justiça. Se o individuo for religioso, ele fixa em Deus, ou naquilo que ele imagina ser Deus, o rotulozinho onde se lê: “Deus é justo”.

5. Ódio destrói a paz

Instala a barbárie. Não me alongarei neste ponto, pois a história das guerras e revoluções que envolveram os povos em todos os tempos falam por si. Todo o esforço em entender a guerra palestino-israelense é muito difícil. As vendetas entre famílias longamente inimigas, entre gangues rivais são incontáveis. Por isso, o primeiro bom desejo que Jesus expressa ao aparecer ressuscitado no cenáculo é: “A paz esteja convosco…”.

6. O ódio destrói quem odeia

Literalmente destrói. Costumo dizer que a vingança perfeita seria levar alguém a odiar intensamente e, ao mesmo tempo, garantir que nunca conseguisse vingar-se de forma alguma do inimigo. O ódio tem o poder de penetrar e corroer tudo o que constitui a humanidade de quem odeia.

Todos os místicos acreditam em centelhas divinas que penetram e atuam no mais íntimo do ser humano. Elas levam o homem a superar seus limites, sua finitude e abrir-se ao infinito, ao divino. Estamos falando de nossa dimensão espiritual transcendente, da alma cristã. É aí que se enraíza toda vida religiosa e toda a espiritualidade autênticas. Como vimos acima, o ódio compromete nossa própria compreensão e percepção de Deus. As cabeceiras da ponte que transpõe o abismo que nos separa do criador são destruídas do nosso lado pelo ódio. Para nossa sorte, do lado de Deus a ponte é sempre a mesma, sólida, indestrutível. Para restabelecer o contato entre quem odeia e Deus é só parar de odiar. As cabeceiras da ponte do nosso lado se refazem como um passe de mágica. Vida religiosa com ódio é impensável. A verdadeira dimensão humana que nos eleva acima dos brutos, das bestas e dos primatas é destruída pelo ódio mortal. Do projeto humano restam ruínas.

7. O ódio fere também profundamente nosso psiquismo

Torna a pessoa que odeia mais cega e mais burra. Não consegue enxergar elementos positivos e qualidades óbvias para qualquer outro olhar. Os defeitos, sejam ele reais ou simples frutos de preconceitos, são amplificados. Qualquer avaliação torna-se inviável. A inteligência e a sabedoria parecem evaporar. A verdade a respeito da pessoa odiada? Mas que verdade? Para quem odeia só resta sua certeza, fruto de elementos distorcidos por sua mente ferida e atormentada de morte.

Uma de minhas experiências mais perturbadoras ocorreu quando fui procurado por uma pessoa que sofria muito e odiava alguém que profissionalmente a prejudicara severamente. Os encontros terapêuticos iam bem. Sua forma de educar uma criança adotada pra preencher a lacuna do bebê que morrera antes do parto, por displicência médica, apresentava erros psicopedagógicos gritantes. Ela precisava perdoar o médico para reparar distorções severas que aparentemente impediam até de engravidar novamente. Parou a terapia sem qualquer reclamação ou explicação. Aparentemente, ela intuíra que tinha necessidade daquele ódio e ressentimento amargo para tocar adiante aquele projeto de vida que montara para si. A compreensão do erro e a superação do ódio levaria a uma revisão de seus próprios erros e planos absurdos. Isso tudo apresentava-se muito perturbador. O ódio parece que se transformara num princípio vital para levar avante sua maldita existência. Temo que isso ocorra com mais freqüência que imaginamos.

8. Por fim, o ódio é a mais densa e corrosiva forma de estresse

Entramos aqui nos desdobramentos biológicos e orgânicos do ódio. Ele compromete a saúde física. Todas as emoções têm componentes biológicos. O espaço limitado obriga-me a poder dizer poucas palavras sobre o elemento mais conhecido e mais comprometedor que vem com o séquito de coisas ruins que o ódio nos traz. Trata-se do assim chamado hormônio do estresse, ou cortisol. Ele é essencial em circunstâncias de grande perigo e salvou a vida de nossos antepassados inúmeras vezes. Prepara o organismo para a defesa, o ataque ou a fuga, visando a sobrevivência. Mas esse tsunami hormonal deveria só ocorrer em situações extremas e por períodos curtos. O cérebro reage a tais situações desligando muitos circuitos necessários no dia-a-dia, mas que agora comprometeriam o plano de salvação da vida. Um dos circuitos desligados é o da racionalidade. O desgaste sobre o sistema circulatório e o coração é brutal. Casos de colapso não são raros. Literalmente, pode-se morrer de ódio. Quem odeia tem níveis de colesterol cronicamente mais elevados que o normal. Todo o organismo paga seu preço.

Tudo que foi escrito a partir do nº 6 torna-se mais claro agora. Vale uma releitura.

9. Para facilitar o perdão apresento algumas recomendações

A rigor poderia parar aqui e os objetivos esperados, razões para perdoar, estariam atingidos. Está mais do que evidente que o ódio é coisa realmente destrutiva e má. Basta ter algum bom senso para nos engajar na luta conta ele, principalmente não deixando que o ódio se instale em nosso coração.

Como esclarecimento, quero ainda dizer que escolhi “sete razões para perdoar” por causa da simbologia bíblica do número sete. Na verdade podemos procurar muito mais razões para perdoar. Mas o número sete representa todas as razões e eu não teria a pretensão de conhecer muitas outras além destas aqui apresentadas. Considero-as mais que suficientes.

Como uma espécie de pós-escrito ao texto quero abordar apenas uma estratégia para facilitar o controle do ódio. Propositalmente, não estou lançando mão a nenhum recurso religioso ou espiritual. Claro que a oração e a meditação podem ser uma poderosa ferramenta para atingir nosso objetivo de vencer o ódio. Mas os antigos nos ensinam que a graça supõe a natureza. É exatamente essa natureza que abordarei brevissimamente.

A grande arma anti-ódio que Deus nos confiou, depois da mais poderosa de todas que foi revelar sua natureza de amor e perdão, tem a ver com sua sabedoria comunicada a nós. Precisamos compreender mais e mais como funciona nossa própria natureza. É importante que consigamos compreender o como e os incontáveis porquês que levam alguém ao ódio. Nada acontece na vida de ninguém sem razões.

Costumo afirmar que o ser humano em qualquer situação tem tanta necessidade de compreensão como a tem de amor. Aliás, a compreensão é condição necessária para o amor se firmar. Por sua vez, a estratégia mais eficiente para se chegar à compreensão do outro é um exercício de empatia. Empatia em grau superior é atingida quando alguém é capaz de mergulhar firme, corajosa e suavemente no mundo vivencial do outro, sem qualquer preconceito, no sentido literal da palavra, sem tentação de julgar e, em hipótese nenhuma, de condenar, por mais que possa parecer monstruosa a perversidade do outro. Tenho certeza que geralmente as pessoas recorrem ao mutismo, à ocultação e à mentira pelo medo de serem julgadas e condenadas.

Para terminar, falta ainda a chave de ouro, aquilo que julgo a maior descoberta prática no mundo tão complexo e perturbador das relações interpessoais. Trata-se de a gente tentar imaginar-se no lugar e na situação do outro que me odeia, ou do outro a quem eventualmente eu odeio. Por favor, de nada vale imaginar-me no lugar do outro com o meu eu, com minha inteligência, experiências e vivências. É indispensável imaginar-me no lugar do outro desligado do meu eu, do meu mundo etc., mas ligado ao eu dele, ao mundo vivencial e experiencial dele! Fascinado descubro que ele não é pior do que eu não sou melhor do que ele. Somos apenas diferentes. Descubro que posso até amá-lo.

Asseguro com toda certeza que esta vivência é profundamente libertadora. Ela dissolve mágoas, ressentimentos, tristezas, iras e o ódio mais mortífero. Quiçá essa seja um dos maiores milagres de Deus operados em humanas criaturas. Isso pode revelar-se uma magnífica experiência de Deus.


Dia 08 de dezembro, Solenidade da Imaculada Conceição 

 

Frase para refletir:

“Disse então Maria: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo ausentou-se dela” (Lc 1, 38).

Na plenitude dos tempos, diz o Apóstolo Paulo, Deus enviou Seu Filho ao mundo nascido de uma mulher (Gl 4,4). No ponto central da história da salvação se dá um acontecimento ímpar em que entra em cena a figura de uma jovem-mulher, filha de Israel. Ela é convidada pelo Anjo a participar de uma grande história…

Por mais que DEUS tenha escolhido Maria, ela mesma deve dar a resposta: livre e soberana! Deus nos cria na liberdade e espera de cada um de nós uma resposta livre ao Seu projeto de Amor. Maria Imaculada é a mulher livre que prefere obedecer, disponibilizar-se aos planos de Deus… Somente quem é livre é capaz obedecer, de colocar-se nas mãos de Deus a acreditar nos Seus projetos… E, assim, Maria se fez mãe de Jesus e da humanidade!

Tenha uma ótima e abençoada semana sob a proteção da Imaculada Conceição!

Frei Paulo Sérgio


Será que estou vendo certo?


Ver as pessoas lembrando-se do quanto são dinâmicas é coisa formidável. Já sabemos, sim, que todas elas são uma caixinha de surpresa, entretanto, acolhê-las no mais profundo do coração, sabendo que estão continuamente mudando, vai nos permitir amá-las de um modo incondicional e mais paciente. 

Por isso, atenção: nunca "engesse" ninguém! Permita que sigam mudando, repensando, surpreendendo....mesmo que elas não lhe agradem!

As pessoas precisam de espaço para que sejam vistas como são e isso leva tempo. Elas não são uma fotografia que tiramos delas! Deixe que se movam e tenha paciência.

Com carinho e orações, 


Seu irmão,
Ricardo Sá



 

“Tempo do Advento” 

A palavra “advento” tem origem latina e significa “chegada”, “aproximação”, “vinda”. No Ano Litúrgico, o Advento é um tempo de preparação para a segunda maior festa cristã: o Natal do Senhor. Neste tempo, celebramos duas verdades de nossa fé: a primeira vinda (o nascimento de Jesus em Belém) e a segunda vinda de Jesus (a Parusia). Assim, a Igreja comemora a vinda do Filho de Deus entre os homens (aspecto histórico) e vive aalegre expectativa da segunda vinda d’Ele, em poder e glória, em dia e hora desconhecidos (aspecto escatológico). 

Como se estrutura o Tempo do Advento

O tempo do Advento não tem um número fixo de dias e depende sempre da solenidade do Natal. Ele começa na tarde (1ª Vésperas) do primeiro domingo após a Solenidade de Cristo Rei e se desenvolve até o momento anterior à tarde (1ª Vésperas) do Natal. Ele possui quatro semanas e, por isso, quatro domingos celebrativos. O terceiro domingo do Advento é chamado de domingo da alegria (gaudete, em latim) por causa da antífona de entrada da missa (Alegrai-vos sempre no Senhor), mostrando a alegria da proximidade da celebração do Natal. O tempo do Advento se divide em duas partes. A primeira, que vai até o dia 16 de dezembro, é marcada pela espera alegre da segunda vinda de Jesus. A segunda, os dias que antecedem o Natal, se destaca pela recordação sobre o nascimento de Jesus em Belém.

 

As figuras Bíblicas principais do Advento

Dois personagens bíblicos ganham destaque na celebração do Advento: Maria e João Batista. Ela porque foi escolhida por Deus para ser a mãe do Salvador, e ele porque foi vocacionado a ser o precursor do Messias. Ela se torna modelo do coração que sabe acolher a Palavra e gerar Jesus. Ele se torna modelo de uma vida que sabe esperar nas promessas de Deus e agir anunciando e preparando a chegada da salvação. Em ambos se manifesta a realização da esperança messiânica judaica e o anúncio da plenitude dos tempos.

 

“Atentos e vigilantes”

A espiritualidade do Advento é marcada por algumas atitudes básicas: a preparação para receber o Cristo; a oração e a vivência da esperança cristã. A preparação para receber o Senhor se dá na vivência da conversão e da ascese. Precisamos ter um olhar atento sobre nós e a realidade que nos cerca e nos empenharmos para correspondermos com a ação do Espírito de Deus que quer restaurar todas as coisas. O nosso relacionamento com o nosso corpo e os nossos afetos, com nossos familiares e pessoas íntimas, nossa participação na vida eclesial e social devem estar no foco de nossa atenção. A preparação para celebrar o Natal demanda uma confissão sacramental bem feita e um propósito firme de renovação interior.

 

“Orai a todo momento”

Este tempo é marcado por uma vivência mais profunda da vida de oração. A leitura orante deste período nos coloca em contato com as profecias de salvação do Antigo Testamento, com a expectativa que os cristãos da Igreja primitiva tinham da Parusia e com os eventos principais que antecederam o nascimento de Jesus. A recordação dos eventos que antecederam a primeira vinda de Cristo se torna a base da preparação da Igreja para o novo Advento do Senhor. A Santa Missa e a Liturgia das Horas são os principais momentos celebrativos. Os exercícios de piedade, como a oração e a meditação dos mistérios gozosos do Rosário, a oração do Angelus Domini e a Novena de Natal podem ser um caminho feliz para a vivência da oração comunitária neste tempo.

 

“Para ficardes em pé diante do Filho do Homem”

Cada um de nós, apesar do pecado e do mal que nos cerca, deve desejar sempre mais a felicidade, aceitando que, em última análise, ela é o Reino dos Céus, a vivência em comunhão plena e eterna com Deus. Para isto é necessário vivermos dirigindo nossa vida para esta meta, colocando nossas forças no socorro da graça do Espírito Santo. Deus já nos criou desejando a felicidade. Contudo, por causa do pecado, vamos procurando nas criaturas aquela completude que só pode ser vivida na comunhão com o Criador. O Advento nos propõe entendermos todas as coisas na sua relação com Deus e usarmos elas como meios de estarmos com Ele, colocando nossa esperança nas realidades que não passam.




Água que corre para a vida eterna

 

Frei Hipólito Martendal  

1. VIDA É UMA SÓ
É uma só em dois sentidos. No primeiro caso pensamos em nossa própria existência e acreditamos que ela é uma só, que a vida eterna é gerada na vida terrena e dela é continuação. Cremos também que nossa pessoa, com a mesma identidade, continua depois da ressurreição. Num segundo sentido podemos entender que existe um DEUS DA VIDA, que todo ser vivo é criatura sua e é, de alguma forma, expressão desta vida que há em Deus . Assim é importante que tenhamos um respeito religioso, místico por todas as formas de vida e por tudo que as mantém e alimenta: água, terra e ar.
Nas suas diversas manifestações temos vida vegetal que vai de microscópicos fungos unicelulares (com uma só célula) a árvores gigantescas. A vida animal é variadíssima, de unicelulares a baleias descomunais.
O homem encaixa-se na vida animal com sua dimensão biológica. Mas dotado de espírito faz a ponte para a sobrenatural, para o próprio Deus que é “Espírito e Verdade”. O homem foi criado por Deus para ser o cultivador, o guarda e protetor de toda a criação, principalmente de toda criatura viva.

2. A PRAGA DO MANIQUEÍSMO
Seria uma maravilha se todo ser humano fosse capaz de ter fé em seu Criador e compreender seu papel no mundo. Mas não é assim. Muito mais velhas que o Cristianismo são certas doutrinas que ensinaram o desprezo por todas as coisas materiais. A própria criatura humana tinha de livrar-se de toda a sua corporalidade e sexualidade para poder chegar a Deus.
O Cristianismo tem a mais bela das doutrinas sobre o valor de toda a criação e o respeito reverente e religioso que todos nós por ela devemos ter. Ensina-nos que o próprio Deus escolheu encarnar-se, tornar-se matéria, ao fazer-se um de nós, um “Filho do Homem”, como Jesus gostava de identificar-se. Isso devia ser suficiente para varrer como lixo da face da Terra todo maniqueísmo, todo dualismo, todo desprezo por qualquer aspecto da criação. Mas não é assim! Mesmo entre cristãos católicos de nossos dias há os que vivem e pregam aspectos desta praga. Constantemente apontam para elementos que, supostamente, são irreconciliáveis entre nós humanos e Deus. Lembro-me daquela senhora católica à qual eu procurava explicação na boa teologia católica para um problema seu de ordem religiosa. Furiosa, grosseiramente, interrompeu a celebração do Sacramento da Penitência, protestou que ela procurava “doutrina de Deus e não dos homens”. Saiu batendo a porta. Será que para ela o Verbo de Deus se fez carne, sangue, sexualidade, emoções… humanos com todas as suas conseqüências?

3. O ACERTO EM ESCOLHER A ÁGUA
A água para a CF de 2004 é evidente. No artigo anterior deste jornal paroquial afirmava que a água é o mapa da mina da vida. Ela é base indispensável de toda a vida.
Todos sabem também quanta água é desperdiçada e quanta água emporcalhada e inutilizada por toda sorte de poluentes. Sabemos que bilhões de pessoas não têm acesso à água de boa qualidade para beber e preparar seus alimentos. Tragicamente, isso leva uns 2 milhões de crianças do mundo a morrer antes dos 5 anos de idade!

Pelos meus cálculos uns 50 países já experimentam carência acentuada de água para necessidades básicas. Nas próximas décadas vários podem entrar em situação de catástrofe com emigração forçada de populações inteiras. Conflitos e guerras poderão ser inevitáveis.
Até em nosso Brasil, detentor de mais de 12% da água doce disponível no mundo, existem milhões de pessoas sem água suficiente ou adequada para consumo humano, gerando toda sorte de doenças e mortes, sobretudo entre crianças. Boa parte do Nordeste perde periodicamente rebanhos pela sede e não consegue produzir alimentos básicos para sua população. Isso não pode continuar assim.

4. A CRIAÇÃO DE DEUS FORMA um todo que necessita de harmonia em sua interdependência. Dizia acima que o ser humano é o guarda, o protetor e o cultivador da vida em nosso Planeta. Tudo o que é necessário para promover e manter esse equilíbrio e harmonia como a quantidade e a pureza da água, trato correto às nossas terras, não poluição e zelo pela atmosfera que protege o Planeta devem fazer parte dos objetivos de todos.
É dever de todo ser humano decente e consciente a lutar para que a água nunca seja objeto de propriedade de ninguém. No máximo podemos imaginar remuneração justa a concessionários que tratam e distribuem a água. Mas tais empresas devem se rigorosamente fiscalizadas e garantir que ninguém seja privado do uso essencial da água, mesmo por falta de pagamento dos serviços pela pobreza!

5. ÁGUA É VIDA ETERNA.
Podemos pensar em Cristo que promete à samaritana “água que jorra para a vida eterna” (Jô 4,13). O elemento gerador desta água eterna é a Fé em Jesus.
O compromisso e engajamento nesta Fé nasceu em nosso batismo. Então, a mística cristã nos leva a pensar em nossa missão de batizados, sempre que nos servimos da preciosíssima água para qualquer necessidade.

O lava-pés é mais um gesto de Cristo que recorre à água (Jô, 13). Aí descobrimos que nós, os discípulos, precisamos ser e agir como nosso amado e único Mestre e Senhor: solidários e serviçais aos irmãos em todas as situações, ao ponto de arriscar a própria vida para isso.
Então




"O mais miserável dos cristãos é aquele que não evangeliza sua família"

Quero meditar com você um pouco daquilo que o apóstolo Paulo deixou como ensinamento para nós cristãos. As treze cartas dele são a base para a teologia católica. Nas duas cartas que ele escreveu para São Tito e São Timóteo, que eram bispos, deu todas as direções de como deveria ser a Igreja. Essas direções são seguidas até hoje pela Igreja.

Um ponto muito importante é sobre a evangelização. O apóstolo dos gentios diz que pregar o Evangelho, para ele, não é motivo de glória, mas, sim, uma missão que lhe é imposta. “Ai de mim se não evangelizar”, afirma.

Paulo tinha como lema evangelizar; o resto para ele não tinha importância. Nós também devemos pensar assim! Evangelizar não significa que devemos obrigar todos a serem bons cristãos, mas devemos anunciar; não impor, mas propor. O mais miserável dos cristãos é aquele que não evangeliza sua família. Os jovens, hoje, não sabem quase nada de religião. Antigamente, os catequistas eram os pais, lamentavelmente, a família está sumindo. Muitas crianças não sabem nem quem é Jesus e muitos pais vivem como se Deus não existisse.

A primeira evangelização tem que ser da criança, pois ela é mais fácil de ser evangelizada. Mas, para isso, é preciso que a mãe e o pai a evangelize. Se eu tivesse um medalha de ouro, a daria para um bom catequista que evangeliza as crianças e fala de Deus para elas.

São Paulo disse a Timóteo: “Prega a Palavra, insiste oportuna e inoportunamente […]. Porque virá o tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação” (II Timóteo 4.2a.3a). As pessoas, hoje, se atiram às fábulas; aparece qualquer um com seitas e as pessoas vão atrás, largam o Cristianismo. Portanto, você, cristão católico, pregue insistentemente a verdade!

Paulo disse que Deus quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade. A grande vontade de Jesus é que ninguém se perca. O Senhor disse que quando Ele encontra a ovelha perdida fica mais feliz do que com as 99 que não se perderam. Isso nos deve dar vontade de evangelizar! Imaginem a festa que vai haver no céu com as ovelhas perdidas que retornaram ao Senhor. Se você converter apenas duas pessoas, seu marido e seu filho, vai haver uma festa no céu.

Por que eu preciso evangelizar? Porque Deus ama a todos e deu o Sangue por cada um de nós! O amor de Cristo me constrange, me deixa envergonhado, Ele morreu por mim. São Ligório dizia que se existisse somente você, Jesus morreria somente por você. O amor de Cristo é individual, por isso, precisamos dar uma resposta a Ele. Semeie o Evangelho, seja pessoalmente, seja pela internet, ou qualquer outro meio.

A força mais poderosa para se evangelizar é a santidade. Quem é que mudou o mundo? Os santos! E nenhum deles usou a rádio, a internet, a televisão. Eles usaram a Palavra de Deus, evangelizaram com sua santidade. Santa Terezinha do Menino Jesus entrou no convento com 15 anos e morreu com 24; nunca fez palestra para ninguém, só escreveu um livro porque foi obrigada, mas evangelizou porque ela era santa.

A evangelização é importantíssima, mas, antes de cuidar do irmão precisamos cuidar da nossa evangelização, senão começamos a dar contratestemunho e as obras não adiantaram de nada. Nós nascemos predestinados para o céu.

A Igreja é a coluna e o alicerce da verdade, sem ela ninguém se salva. O credo se reza há dois mil anos e por que não muda? Porque o que é verdade não muda. A Igreja não tem dúvida daquilo que é essencial para nossa salvação.

Já tivemos 266 Papas, nunca um Pontífice cancelou um ensinamento da Igreja. Nunca na história dos 21 Concílios se cancelou uma doutrina da Igreja. São Paulo diz que Deus quer que todos se salvem, que cheguem à verdade e é por isso que, hoje, para sermos evangelizadores como o grande apóstolo, precisamos ser fiéis à Igreja.

Mas você pode dizer: “A Igreja errou no passado”. Uma coisa são os erros dos filhos da Igreja, outra coisa é a Igreja, que é santa. Os erros são nossos; houve, sim, Papas pecadores, bispos que erraram, que se tornaram até hereges. A Igreja tem muitos filhos indignos, mas ela é santa, tem muitos santos. A Igreja Católica já canonizou mais de 20 mil santos.

Ninguém ama a Cristo se não ama a Igreja. Muitos casamentos não dão certo porque não teve amor; tem muito amor falso, tem muita gente vivendo apenas um sentimentalismo. Jesus é o modelo de amar e, assim, nos ensinou a amar: “Amais-vos como eu vos amei”. Não existe amor sem cruz, sem renúncia. Não existe amor por alguém se você não disser “não” para você. O dia em que nos amarmos como Cristo nos amou o mundo vai mudar.


Filme de São Padre Pio 

Há quem se cala por não saber falar, e há quem se cala porque reconhece quando é tempo de falar”(Eclo 20,6)

 

Note como Deus fez a natureza silenciosa, calma e produtiva. Não sentimos e nem vemos a planta crescer, mas cresce sem cessar, no silêncio. Uma floresta inteira cresce sem fazer barulho. É no silêncio que a natureza produz suas maravilhas: a flor que se abre, a borboleta que deixa o casulo, a fruta que amadurece, a criança que se desenvolve, as trilhões de estrelas que brilham… A natureza não tem pressa.

Tudo acontece no silêncio, como numa bela sinfonia. É por causa do silêncio que tudo existe: a música surge do silêncio; a arte nasce dele; a inspiração, a poesia e a bela música, surgem no silêncio; nós a escutamos porque fazemos silêncio; e ela vai além de nós. Onde cessa a fala começa a música.

Quem se arrisca a falar sem aprender no silêncio, se arrisca a ensinar coisas erradas. O autor da “Imitação de Cristo”, o monge Thomas de Kemphis, disse que “ninguém fala com segurança, senão quem sabe se calar.” A sabedoria nos vem da meditação e da oração, e essas duas realidades só podem acontecer no silêncio. O silêncio dos homens às vezes está mais perto da verdade do que suas palavras.

Os homens se gastam tanto em palavras que não entendem o silêncio de Deus. Ele fala no silêncio. É na medida que a alma recebe no silêncio, que ela dá na atividade. Madre Teresa de Calcutá disse que: “Quanto mais recebermos do silêncio da oração, mas nos entregamos a uma vida ativa. Temos necessidade do silêncio para tocar as almas.”

O religioso que não aprendeu a silenciar, meditar e rezar, acaba caindo no ativismo doentio e frustrante. Ele pode até semear com abundância, mas a semente é estéril, não germina.

É tão rara a paz divina nos corações dos homens porque não sabem encontrar-se com Deus na própria alma, em silêncio. E ninguém toca os corações dos homens e enriquecê-los, sem primeiro abastecer-se a si mesmo, por uma vida interior em Deus, no silêncio. Para serem ajudados espiritualmente, os homens não precisam de simples homens, mas de “homens de Deus”. Somente aqueles que são fortes pelo contato com o “Hóspede da alma”, podem ir sem receio e firmes ao encontro das criaturas para socorre-las, nos ensina Raul Plus.

Jorge Duhamel queria criar o “Parque nacional do silêncio”. Infelizmente nossa era de máquinas não nos deixa apreciar o silêncio, e nosso coração fica cansado porque não entra em si mesmo.

O amor se exprime mais pelo silêncio do que pelas palavras. É sabedoria saber se calar até o tempo certo de falar. André Maurois disse que os homens temem o silêncio como temem a solidão, porque ambos lhes dão uma visão do terrível vazio da vida. Mas esse vazio só pode ser preenchido, quando, no silêncio e na meditação, encontramos a sua causa e nos fortalecemos para superá-lo. Ele é o remédio que o homem moderno não compra nas farmácias.

Muitos se agitam no mundo e quebram o precioso silêncio. Pois bem, há um provérbio alemão que diz que: “A melhor resposta à cólera é o silêncio”. Voltaire avisava aos cortesãos do rei francês que, “na corte, a arte mais importante não é a de falar bem, mas a de saber calar-se.”

O fato do silêncio ser de ouro explica porque ele é tão raro. A Palavra de Deus diz que: “Há quem se cala por não saber falar, e há quem se cala porque reconhece quando é tempo de falar”(Eclo 20,6).

Ghandi ensinava que o silêncio faz parte da disciplina espiritual de um seguidor da verdade. “Sinto-me como se tivesse sido feito para o silêncio”, dizia. Alguém observando um surdo-mudo disse que ao lado dele é que se percebe como são poucas as palavras que merecem ser ditas.

Prof. Felipe Aquino


Eu entregarei 

LITURGIA DIÁRIA DO MÊS DE DEZEMBRO

 
DOM SEG TER QUA QUI SEX SAB
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Oração de São Bento

Santa Joana Francisca de Chantal, modelo de mãe,

irmã e religiosa

Neste dia queremos lembrar a vida da santa que na liturgia comemoraremos amanhã, Joana Francisca de Chantal, modelo de jovem, mãe, irmã e, por fim, de religiosa. Nasceu em Dijon, centro da França, em 1572 e foi pelas provações modelada até a santidade.

A mãe tão amada faleceu quando Joana era criança; o pai, homem de caráter exemplar, era presidente da câmara dos vereadores e por causa de maquinações políticas chegou a sofrer pobreza e muitas humilhações. Joana, que recebeu da família a riqueza da fé, deu com 5 anos um exemplo marcante quanto a presença de Jesus no Santíssimo Sacramente, pois falou a um calvinista que questionava o pai: “O Senhor Jesus Cristo está presente no Santíssimo Sacramento, porque Ele mesmo o disse. Se pretendeis não aceitar o que Ele falou, fazeis dele um mentiroso”.

Santa Joana Francisca com 20 anos casou-se com um Barão (Barão de Chantal), tiveram quatro filhos, e juntos começaram a educar os filhos, principalmente com o exemplo. Joana era sempre humilde, caridosa para com o esposo, filhos e empregados; amava e muito amada.

Tristemente perdeu seu esposo que foi vítima de um tiro durante uma caça e somente com a graça de Deus conseguiu perdoar os causadores, e corajosamente educar os filhos. Como santa viúva, Joana conheceu o Bispo Francisco de Sales que a assumiu em direção espiritual e encontrou na santa a pessoa ideal para a fundação de uma Ordem religiosa. Isto no ano de 1604. A partir disso, começou e se desenvolveu uma das mais belas amizades que se têm conhecido entre os santos da Igreja.

Santa Joana Francisca de Chantal, já com os filhos educados, encontrou resistência dos seus familiares, porém, diante do chamado de Cristo, tornou-se fundadora das Irmãs da Visitação de Nossa Senhora. Seguindo o exemplo de Maria, a santa de hoje com suas irmãs fizeram um grande bem à sociedade e à toda Igreja. A longa vida religiosa da Senhora de Chantal foi cheia de trabalhos, sofrimentos e consolações. Faleceu em Moulins, no ano de 1641. Nessa época, já existiam na França noventa casas da sua Ordem.

São Francisco de Sales nunca abandonou a filha espiritual; sobreviveu-lhe ela dezenove anos e repousa a seu lado na capela da Visitação, em Annecy (local da fundação da primeira casa da Ordem das Irmãs da Visitação de Nossa Senhora).

Santa Joana Francisca de Chantal, rogai por nós!